Doenças causadas por vírus
As doenças causadas por vírus são chamadas comumente de viroses. Vírus, por sua vez, são microrganismos acelulares (ou seja, que não possuem células) extremamente simples e que são parasitas obrigatórios, isto é, necessitam de uma célula hospedeira para se reproduzirem. Apesar do tamanho reduzido e da estrutura básica, esses organismos estão entre os agentes infecciosos mais eficientes da natureza e são responsáveis por causar diversas doenças. Inclusive, as maiores pandemias dos últimos séculos foram causadas por vírus.
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Quais são as doenças causadas por vírus?
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Gripe
A gripe é uma doença causada pelo vírus influenza dos tipos A, B ou C, sendo bastante comum na população. Por apresentar sintomas genéricos, é frequentemente confundida com outras doenças. Seus principais sintomas incluem febre alta, dores no corpo, dor de cabeça, cansaço e tosse seca.
A transmissão ocorre por meio de gotículas de saliva expelidas por pessoas contaminadas. Ao entrarem em contato com o hospedeiro, principalmente pelas vias respiratórias, os vírus invadem as células do trato respiratório, onde se replicam e se espalham pelo organismo.

O tratamento geralmente é realizado com repouso, hidratação, uso de analgésicos e, em casos mais graves, uso de antivirais específicos. A forma mais eficaz de prevenção é a vacinação, e existem diferentes vacinas para as diversas variações do vírus. Além disso, é recomendado o uso de máscaras, evitar ambientes aglomerados e manter boas práticas de higiene pessoal.
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Resfriado comum
O resfriado comum é frequentemente confundido com a gripe, embora sejam doenças distintas, causadas por vírus diferentes. O resfriado é provocado pelo rinovírus e se caracteriza por sintomas mais leves, como coriza, dor de garganta, congestão nasal e espirros.
A transmissão ocorre por meio do contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas, seja por gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar, seja por superfícies contaminadas, desde que sejam levadas até regiões como boca e nariz.

O tratamento é sintomático, ou seja, voltado para amenizar os sintomas. Isso pode incluir o uso de analgésicos, além de repouso e hidratação, enquanto o sistema imunológico do organismo se encarrega de combater o vírus.
A melhor forma de se prevenir é evitar contato próximo com pessoas doentes. Caso isso não seja possível, o uso de máscaras é recomendado. A higiene pessoal, principalmente das mãos, também é fundamental para impedir que o vírus entre no organismo.
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Dengue
A dengue é uma doença transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, conhecido popularmente como “mosquito-da-dengue”. Causada pelos vírus DENV 1, 2, 3 ou 4, os sintomas dessa doença podem incluir febre alta, dor muscular intensa, dor atrás dos olhos, fraqueza e manchas vermelhas pela pele. Em casos mais graves, pode ocorrer hemorragia e queda de pressão, caracterizando a dengue hemorrágica.

Não existe tratamento específico para dengue. Nesse caso, o tratamento é sintomático e o acompanhamento clínico é essencial para minimizar os sintomas. A prevenção é baseada no combate ao mosquito transmissor, por meio da eliminação de criadouros, além do uso de repelentes, telas de proteção e mosquiteiros. Atualmente, também já existem vacinas aprovadas no Brasil, como a Qdenga®, que vem sendo aplicada em regiões com alta incidência da doença.
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Zika
Zika é outra arbovirose — doença viral transmitida principalmente por artrópodes — que também pode ser transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Os sintomas incluem febre baixa, manchas na pele (que geralmente surgem nas primeiras 24 horas), coceira, dor de cabeça, dores nas articulações (artralgia) e vermelhidão nos olhos. A infecção pelo vírus Zika pode causar complicações em gestantes, podendo afetar o desenvolvimento do feto e levar a condições como a microcefalia.
O tratamento é apenas sintomático, com o uso de antitérmicos e anti-inflamatórios. E a prevenção é baseada no combate ao vetor (mosquito), principalmente em lugares onde há grande incidência do vírus, com atenção especial às gestantes.
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Chikungunya
A chikungunya também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus, e tem como principal característica (que auxilia facilmente no diagnóstico e na diferenciação das outras arboviroses) as dores intensas nas articulações, as quais podem persistir por anos. Como as outras viroses transmitidas pelo mosquito-da-dengue, os sintomas da chikungunya incluem febre, dor muscular, cefaleia e, em alguns casos, manchas na pele.
O tratamento para a chikungunya é sintomático, com o uso de analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar os sintomas. A prevenção baseia-se no combate ao mosquito vetor, por meio do uso de repelentes, mosquiteiros e da eliminação de criadouros.
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Catapora
A catapora, ou varicela, é causada pelo vírus varicela-zóster, e a doença é caracterizada por erupções cutâneas (feridas) com bolhas que liberam secreções e causam coceira intensa, além de febre e mal-estar. O vírus é transmitido por meio do contato com as feridas ou por gotículas de saliva espalhadas pelo ar. Em alguns casos, o vírus pode ficar latente no corpo por muitos anos e depois reaparecer, causando uma doença chamada de herpes-zóster (cobreiro), caracterizada por erupções cutâneas com bolhas, e isso normalmente ocorre em pessoas adultas, idosas ou com o sistema imunológico enfraquecido.
O tratamento da varicela é sintomático e visa aliviar os sintomas por meio do uso de analgésicos, antitérmicos, loções calmantes e cuidado com as lesões da pele. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a doença, sendo parte do calendário de vacinação infantil. Também é importante evitar contato com pessoas infectadas. Seguir o calendário de vacinação infantil é fundamental, pois ele contribui significativamente para a prevenção de diversas doenças, especialmente as causadas por vírus.
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Sarampo
Sarampo é uma virose grave causada por um vírus da família Paramyxoviridae. A transmissão ocorre principalmente por contato direto com as gotículas de saliva presentes no ar, liberadas por uma pessoa infectada ao falar, tossir ou espirrar. Os principais sintomas do sarampo incluem conjuntivite, tosse, coriza e, posteriormente, manchas vermelhas espalhadas pela pele. Trata-se de uma doença infecciosa aguda e potencialmente grave, e seus sintomas podem ser especialmente perigosos em crianças.

Não existe tratamento específico para o sarampo. As recomendações incluem repouso, hidratação, uma boa alimentação e suplementação com vitamina A, que pode ajudar a reduzir a gravidade da doença. A forma mais eficaz de se prevenir contra o sarampo é a vacinação. A vacina tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola, é responsável por impedir que o vírus se instale no organismo e provoque sintomas.
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Caxumba
A caxumba, também conhecida como parotidite, é causada por um vírus da família Paramyxoviridae. A doença é conhecida principalmente pelo inchaço nas glândulas salivares, especialmente as parótidas. Além desse sintoma, a doença pode causar febre, dor ao mastigar e mal-estar generalizado. Essa doença pode ser transmitida por gotículas de saliva suspensas no ar, liberadas por uma pessoa infectada.

O tratamento é sintomático, com o uso de analgésicos para aliviar a dor, além do repouso. A forma mais eficaz de prevenção é a vacinação com a tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola.
- Rubéola
A rubéola é uma virose causada por um togavírus — família de vírus de RNA, conhecida por causar diversas doenças nos humanos e animais. Os sintomas incluem febre baixa, manchas avermelhadas na pele, dor nas articulações e aumento dos gânglios linfáticos. Quando a infecção ocorre em gestantes, pode provocar complicações no desenvolvimento do feto, como malformações congênitas. A transmissão ocorre por gotículas de saliva espalhadas pelo ar por uma pessoa infectada ao falar, tossir ou espirrar. Além disso, a mãe também pode transmitir o vírus para o feto, caso a infecção ocorra durante a gestação.

Não há tratamento específico, sendo os cuidados voltados para o alívio dos sintomas. A vacinação, por meio da tríplice viral, é a melhor forma de se prevenir contra a doença.
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Hepatites A, B e C
As hepatites A, B e C são infecções virais que atingem o fígado e possuem diversos sintomas. Apesar de atingirem o mesmo órgão, cada tipo de hepatite apresenta características diferentes da doença, e o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a progressão da doença e possíveis complicações graves.
A hepatite A é causada pelo vírus HAV e é transmitida pela via fecal-oral, ou seja, ao ingerir água ou alimentos contaminados com fezes de pessoas infectadas. Os sintomas incluem febre, dor abdominal, mal-estar, enjoo e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos). Esse tipo de hepatite geralmente não evolui para formas mais graves da doença e o seu tratamento é baseado no alívio dos sintomas. A forma de prevenção mais eficaz é a vacinação e a adoção de medidas de higiene, como lavar bem os alimentos e as mãos antes de se alimentar.
A hepatite B é causada pelo vírus HBV e é considerada uma IST (infecção sexualmente transmissível). A transmissão também pode ocorrer por contato com o sangue de pessoas contaminadas, por materiais perfurocortantes ou de mãe para o filho no momento do parto. Os sintomas são bem semelhantes aos da hepatite A e muitos casos são assintomáticos. Em algumas situações, a infecção pode se tornar crônica, levando à cirrose ou evoluindo para um câncer de fígado. A prevenção inclui a vacinação e cuidados ao manusear seringas ou materiais utilizados em pessoas contaminadas com a doença.
A hepatite C é causada pelo vírus HCV. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato com o sangue de pessoas infectadas. A fase aguda da doença geralmente é assintomática, mas, em alguns casos, pode apresentar sintomas comuns aos da gripe, como fadiga, náusea, febre e dores musculares. Na maioria dos casos, a doença evolui para a forma crônica, podendo causar cirrose e câncer no fígado.
Diferentemente da A e da B, ainda não foi desenvolvida uma vacina para a hepatite C, mas em alguns casos podem ser utilizados antivirais específicos para tratamento da doença. A prevenção envolve cuidados ao manusear objetos perfurocortantes e instrumentos não esterilizados que podem estar contaminados, além de realizar exames de sangue periódicos que permitem o diagnóstico precoce da infecção.

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Herpes
Herpes simples é causado pelos vírus HSV-1 (herpes labial) e HSV-2 (herpes genital). Os sintomas incluem o aparecimento de bolhas e feridas, que podem aparecer na região dos lábios ou na genitália e tendem a reaparecer quando o organismo está com a imunidade baixa. Alguns casos, todavia, podem ser assintomáticos.

A doença não tem cura, e o tratamento é feito com antivirais, como o aciclovir, que ajudam a reduzir os sintomas e a frequência das crises. A prevenção envolve evitar contato com feridas ativas —especialmente nos primeiros dias em que elas aparecem — e a utilização de preservativos, considerando que o vírus também pode ser transmitido durante as relações sexuais.
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Aids
A aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) é uma doença viral transmitida pelo vírus HIV (vírus da imunodeficiência humana). Esse vírus ataca as células de defesa do organismo, especialmente os linfócitos T, comprometendo a imunidade e tornando o corpo vulnerável à ação de diversos patógenos. Trata-se de uma IST (infecção sexualmente transmissível), que também pode ser transmitida por transfusões sanguíneas, agulhas ou materiais contaminados com sangue. Nos estágios mais avançados da doença, o indivíduo afetado pode desenvolver infecções oportunistas, além de apresentar perda de peso, febre e outros problemas graves de saúde.
Ainda não foi desenvolvida uma cura para a aids. O tratamento é realizado com antirretrovirais, que controlam a carga viral e mantêm a qualidade de vida de uma pessoa portadora do HIV. A prevenção inclui o uso de preservativos para evitar a contaminação no momento da relação sexual, testagem regular, profilaxia pré e pós-exposição (PrEP e PEP) e não compartilhamento de agulhas e seringas, além do cuidado ao manusear materiais perfurocortantes potencialmente contaminados.

Exercícios resolvidos sobre doenças virais
1. (Enem 2011) Durante as estações chuvosas, aumentam no Brasil as campanhas de prevenção à dengue, que têm como objetivo a redução da proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue.
Que proposta preventiva poderia ser efetivada para diminuir a reprodução desse mosquito?
a) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mosquito necessita de ambientes cobertos e fechados para a sua reprodução.
b) Substituição das casas de barro por casas de alvenaria, haja vista que o mosquito se reproduz na parede das casas de barro.
c) Remoção dos recipientes que possam acumular água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem nesse meio.
d) Higienização adequada de alimentos, visto que as larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de substrato.
e) Colocação de filtros de água nas casas, visto que a reprodução do mosquito acontece em águas contaminadas.
Resposta: Letra C. Uma das principais medidas preventivas de combate ao mosquito é evitar lugares que possam acumular água, pois é o ambiente ideal para a oviposição do mosquito.
2. (Unicamp 2015) Campinas viveu no verão deste ano a maior epidemia de dengue da sua história e situação semelhante foi observada em outras cidades brasileiras. Indique o vetor dessa virose, onde ele se reproduz e a situação de temperatura que influencia sua reprodução:
A) O vetor do vírus da dengue é o Aedes aegypti. Suas fases imaturas desenvolvem-se no solo e há diminuição na sua reprodução em temperaturas abaixo de 17° C.
B) O vetor do vírus da dengue é o Culex quiquefasciatus. Suas fases imaturas desenvolvem-se na água suja e há aumento na sua reprodução em temperaturas abaixo de 17° C.
C) O vetor do vírus da dengue é o Aedes aegypti. Suas fases imaturas desenvolvem-se na água limpa e há diminuição na sua reprodução em temperaturas abaixo de 17°C.
D) O vetor do vírus da dengue é o Culex quiquefasciatus. Sua reprodução se dá no solo e sofre aumento em temperaturas abaixo de 17° C.
Resposta correta: Letra C. O vetor da dengue é o mosquito Aedes aegypti, que deposita seus ovos na água limpa.
Fontes:
BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 9. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/saude. Acesso em: 18 jun. 2025.
NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
RODRIGUES, Henrique F. et al. Viroses humanas: conceitos, prevenção e controle. São Paulo: Rubio, 2018.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Saúde. Manual de vigilância epidemiológica das doenças exantemáticas: sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita. São Paulo: SES-SP, 2022. Disponível em: https://www.saude.sp.gov.br. Acesso em: 18 jun. 2025., 2008. (Monografia).
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