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Caatinga

Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. É marcada pela ocorrência do clima Semiárido, quente e seco, e também por espécies endêmicas altamente adaptadas à seca.
As características da vegetação da Caatinga são explicadas pela alta adaptação das espécies locais ao clima Semiárido.
As características da vegetação da Caatinga são explicadas pela alta adaptação das espécies locais ao clima Semiárido.

A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Está localizada nos estados do Nordeste do Brasil e no extremo norte de Minas Gerais. A sua área de abrangência corresponde a cerca de 10% do território brasileiro. A vegetação da Caatinga tem como característica principal a adaptação aos períodos de estiagem. Sendo assim, as suas plantas possuem troncos grossos e raízes profundas; já os seus animais possuem estratégias para sobreviver ao calor.

O clima da Caatinga é o Semiárido, marcado por temperaturas elevadas e por pouca chuva. O solo da Caatinga é extremamente fértil, porém muito raso e pedregoso. A rede hidrográfica da Caatinga é pequena e formada, no geral, por rios intermitentes.

A Caatinga possui um alto grau de vulnerabilidade ambiental, em razão de suas características físicas, muito específicas das suas áreas de abrangência. Nos últimos anos, o bioma vem apresentando altas taxas de desmatamento. O impacto ambiental é verificado em razão do desenvolvimento de atividades produtivas, como a produção de lenha e a pecuária extensiva.

Leia também: Como são os mangues?

Características da Caatinga

  • Localização

A Caatinga é um bioma brasileiro localizado nos estados de:

Desse maneira, o predomínio desse tipo vegetativo é maior no Nordeste do Brasil, em especial na zona central. No caso de Minas Gerais, na região Sudeste, a vegetação de Caatinga ocorre no extremo norte do estado. Trata-se do único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando pouco mais de 10% do território nacional. A sua área de ocorrência corresponde ao predomínio do clima Tropical Semiárido, caracterizado pelas altas temperaturas e pela irregularidade das chuvas.

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  • Vegetação

A vegetação da Caatinga tem como principal característica a adaptabilidade aos períodos de estiagem. Desse maneira, é um tipo vegetacional extremamente resistente ao clima Semiárido, marcado pela escassez de chuvas na maior parte do ano.

O extrato vegetacional da Caatinga é formado, especialmente, por espécies arbustivas e herbáceas. A presença de espécies arbóreas é maior em zonas pontuais, no geral de microclima mais úmido, como nas proximidades de fontes de água. A vegetação da Caatinga apresenta uma elevada biodiversidade, com uma grande quantidade de espécies endêmicas.

São elementos característicos da vegetação de Caatinga:

  • pequena quantidade de folhas;
  • galhos tortuosos;
  • troncos retorcidos e muitos resistentes;
  • grande quantidade de espinhos;
  • caules grossos;
  • raízes profundas.

Esses elementos garantem uma maior resistência física das espécies vegetais, já que contribuem para a diminuição do processo de evapotranspiração e também possibilitam o armazenamento de água das chuvas. O processo natural de perdas das folhas das espécies da Caatinga durante a estiagem, por exemplo, reduz a quantidade de água evaporada pelas plantas e permite o maior armazenamento interno de água pela planta.

Veja também: O que é o Polígono das Secas?

  • Flora

A flora da Caatinga é muito rica e diversa, sendo uma das principais zonas de concentração de espécies endêmicas do Brasil. A principal característica das plantas locais é a alta capacidade de adaptação ao regime pluviométrico desse bioma, caracterizado pelo diminuto volume de chuvas. Desse modo, a maioria das plantas locais possui estruturas físicas que diminuem a perda de água para o ambiente.

A maior parte das espécies florísticas da Caatinga é de arbustos e árvores de menor porte. Contudo, também ocorre nesse bioma árvores de maior porte, no geral, localizadas em zonas pontuais, que ofertam grande quantidade de frutos para as espécies animais locais.

Na Caatinga há uma grande predominância de espécies de cactáceas, bromélias e orquídeas. No caso dos cactos, por exemplo, eles possuem a capacidade armazenar a água da chuva no seu caule, uma reserva hídrica capaz de manter essas espécies vivas durante o período de estiagem. São exemplos de espécies de flora típicas da Caatinga:

  • Mandacaru
  • Carnaúba
  • Aroeira
  • Umbuzeiro
  • Buriti
  • Juazeiro
  • Murici
  • Caroá
  • Xique-xique
O xique-xique é uma das espécies de cactos muito comuns na Caatinga. O seu caule guarda reservas de água para a planta durante o período de estiagem.
O xique-xique é uma das espécies de cactos muito comuns na Caatinga. O seu caule guarda reservas de água para a planta durante o período de estiagem.
  • Fauna

A Caatinga possui uma grande quantidade de espécies animais, como aves, anfíbios, répteis, mamíferos e peixes. É um dos biomas mais diversos em termos de animais do Brasil, com alto número de espécies endêmicas e com alta capacidade evolutiva e de adaptação. Os animais que habitam a Caatinga também possuem estratégias para sobreviverem nas condições climáticas locais, sendo altamente adaptados ao clima quente e seco.

No caso das aves, por exemplo, ocorre um processo de migração durante o período de estiagem, uma vez que essas aves migram para regiões mais úmidas como estratégia para sobreviver ao período mais seco da Caatinga. Já as espécies de mamíferos e répteis, por exemplo, buscam regiões mais úmidas da Caatinga, no geral, áreas próximas das fontes de água, e também, zonas de maior altitude, em razão do microclima desses locais, mais ameno e úmido.

Além disso, muitas espécies de animais apresentam estruturas de proteção, como uma couraça que diminui a perda de água por transpiração e protege o corpo dos animais das estruturas vegetativas locais. São exemplos de espécies animais da Caatinga:

O solo da Caatinga é extremamente raso e pedregoso, em razão da pouca capacidade de retenção da água das chuvas assim como pela pequena quantidade de matéria orgânica gerada pelas espécies vegetais locais. O intemperismo, principal mecanismo de formação dos solos, ocorre de maneira muito lenta na Caatinga, em razão da pequena quantidade de chuvas e de matéria orgânica.

Entretanto, os solos da Caatinga são extremamente férteis, pois são compostos por muitos minerais. Além disso, o processo de erosão química, chamado lixiviação, é quase inexistente, devido à baixa pluviosidade. Essas características conferem ao solo da Caatinga uma elevada fertilidade.

O solo da Caatinga é muito árido em razão do clima local, marcado pela baixa pluviosidade.
O solo da Caatinga é muito árido em razão do clima local, marcado pela baixa pluviosidade.
  • Clima 

A Caatinga possui um clima Semiárido. Esse tipo climático é caraterizado pelas altas temperaturas e pelas irregularidades das chuvas. No geral, é um tipo climático muito seco, típico de zonas de alta pressão, com baixa nebulosidade. A umidade ao ar é muito baixa, assim como a amplitude térmica, uma vez que as temperaturas se mantêm constantemente altas e as chuvas são muito escassas.

O período chuvoso na Caatinga dura de três a cinco meses, no geral, entre os meses de janeiro a maio. Sendo assim, a distribuição de chuvas anual é extremamente concentrada, sendo que o período de estiagem pode durar até nove meses. Dessa forma, a Caatinga é considerada uma das regiões mais secas do mundo.

Leia também: Qual a relação entre a latitude e o clima?

  • Hidrografia

A maior parte dos rios da Caatinga é intermitente, ou seja, trata-se de cursos de água que secam durante o período de estiagem. Essa característica é resultante do clima Semiárido da região, em especial, pela pequena ocorrência e distribuição concentrada de chuvas ao longo do ano. Dessa maneira, a rede hidrográfica da Caatinga é pequena e altamente influenciada pelas condições climáticas.

Nesse bioma, destacam-se dois rios perenes, o São Francisco e o Parnaíba, cujos cursos de água são permanentes ao longo de todo o ano. O rio São Francisco, o principal da região, é muito utilizado para a irrigação, sendo que a umidade advinda do rio resulta em um microclima local ao longo do seu percurso, com maior umidade e maior possibilidade de práticas agrícolas. Já o rio Parnaíba é muito importante para o consumo humano de água, em especial no norte da Caatinga.

Degradação e conservação da Caatinga

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 42% da cobertura original da Caatinga já sofreram algum tipo de alteração antrópica. Esse dado indica que o bioma apresenta graves problemas de degradação ambiental. A principal causa da destruição da Caatinga está ligada ao desmatamento, em especial à derrubada de árvores e arbustos para produção de lenha e carvão vegetal. No mais, a pecuária extensiva, a prática de queimadas e a expansão das atividades produtivas humanas são outros fatores que contribuem diretamente para a degradação da Caatinga.

O desmatamento advindo dessas práticas resulta em uma elevada degradação do ambiente natural, uma vez que a Caatinga é um bioma com caraterísticas muito específicas e que dependem da cobertura vegetal para a proteção direta dos solos e das espécies biológicas locais. A remoção da vegetação, por exemplo, intensifica o processo de desertificação do bioma, já que, sem a cobertura vegetal, o solo da Caatinga fica muito mais suscetível à ocorrência de eventos naturais, como a erosão e a lixiviação.

Dessa maneira, torna-se fundamental a adoção de medidas que promovem o combate ao desmatamento da região, em conjunto com o fomento de políticas de desenvolvimento sustentável. A prática extrativista, por exemplo, pode ser acompanhada de técnicas de manejo do solo e conservação da flora, como a agroecologia. No mais, a extração de bens naturais deve ser acompanhada de políticas de preservação ambiental e desenvolvimento social.

A região da Caatinga é considerada uma das menos desenvolvidas do Brasil, sendo necessário que a conservação do meio ambiente seja acompanhada de projetos de crescimento econômico e diminuição da desigualdade social. Mesmo sendo um bioma tão rico e diverso, menos de 10% da Caatinga são de áreas de conservação ambiental. As principais áreas de conservação do bioma são:

  • Parque Nacional Cavernas do Peruaçu;
  • Parque Nacional da Serra da Capivara;
  • Parque Nacional da Serra das Confusões;
  • Parque Nacional da Chapada Diamantina;
  • Parque Nacional do Catimbau.
Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no norte de Minas Gerais, é uma importante unidade de conservação da Caatinga.
Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, no norte de Minas Gerais, é uma importante unidade de conservação da Caatinga.

Resumo sobre a Caatinga

  • Localiza-se nos estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais.
  • É um dos biomas mais ricos e diversos do Brasil, com grande quantidade de espécies endêmicas, sendo o único bioma exclusivamente brasileiro.
  • Sua vegetação tem como principal característica a adaptação aos períodos de estiagem.
  • Suas plantas possuem poucas folhas, galhos tortuosos, troncos grossos e raízes profundas para sobreviverem aos meses de estiagem.
  • Seus animais são resistentes ao ambiente seco e, muitas vezes, migram para outras regiões nos períodos mais quentes do ano.
  • Seu solo é extremamente raso e pedregoso, porém possui uma elevada fertilidade, em razão da grande quantidade de minerais na sua composição.
  • Seu clima é o Semiárido, marcado pelas altas temperaturas e pelas irregularidades das chuvas.
  • A maior parte dos seus rios é intermitente, ou seja, seca durante a seca. Os dois principais rios perenes do bioma são o São Francisco e o Parnaíba.
  • As principais causas da sua degradação são o desmatamento, a pecuária extensiva, a prática de queimadas e a produção de lenha.
  • O bioma carece de políticas de conservação ambiental, sendo, na atualidade, um dos mais ameaçados do Brasil.
  • São exemplos de unidades de conservação o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA) e o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG).

Veja também: Por que devemos nos preocupar com as mudanças climáticas?

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Unicamp) “… as caatingas são um aliado incorruptível do sertanejo em revolta. Entram também de certo modo na luta. Armam-se para o combate; agridem. Trançam-se, impenetráveis, ante o forasteiro, mas abrem-se em trilhas multivias, para o matuto que ali nasceu e cresceu...”

(Euclides da Cunha, Os Sertões. Rio de Janeiro: FBN, p. 102.)

No texto, as caatingas são apresentadas como aliadas do sertanejo. Essa vegetação está associada a

A) locais onde a evapotranspiração potencial é maior que a evapotranspiração real durante praticamente todo o ano, gerando grande déficit hídrico, o que resulta em uma vegetação espinhenta e sem folhas na maior parte do ano.

B) locais onde raramente chove, o que determina uma vegetação que em nenhuma época do ano apresenta folhas verdes, e que nasce em solos pouco desenvolvidos e férteis.

C) locais secos durante seis meses por ano, o que permite a presença da vegetação com folhas durante a maior parte do ano, embora todas as folhas caiam no período de seca.

D) locais com precipitação maior que a evapotranspiração potencial, o que determina um ambiente quase que permanentemente seco ao longo do ano, com poucos dias em que a vegetação apresenta folhas verdes.

Resolução

Alternativa A. A vegetação da Caatinga é altamente adaptada ao clima Semiárido da região, marcado pelas altas temperaturas e pelas irregularidades das chuvas. Desse modo, as espécies vegetais locais são caracterizadas pelos galhos tortos, troncos grossos, raízes profundas e, também, pela perda das folhas durante o período de estiagem.

Questão 2 – (Uece) A derrubada em grande escala da Caatinga provoca, entre outros efeitos,

A) o aumento da absorção de matérias orgânicas pelo solo.

B) o aumento dos processos de desertificação.

C) o aumento das chuvas durante o ano.

D) o aumento exagerado da evapotranspiração.

Resolução

Alternativa B. O desmatamento da Caatinga deixa o solo do bioma extremamente suscetível aos processos de erosão e lixiviação. Desse maneira, há uma intensificação de empobrecimento do solo, culminando no fenômeno da desertificação.

Publicado por Mateus Campos
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