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Governo Hermes da Fonseca

O governo de Hermes da Fonseca marcou a crise das oligarquias.
O governo de Hermes da Fonseca marcou a crise das oligarquias.

O jogo político na República Velha contava com mecanismos de concentração de poder que garantiam o mandato presidencial para os grandes proprietários de terra paulistas e mineiros. Conhecida como política do “café-com-leite” essa artimanha excluiu a ascensão de qualquer político comprometido com causas que fugissem do ideal das elites agrárias brasileiras. No entanto, esse poder exercido entre os grandes fazendeiros não evitou contendas políticas entre os próprios oligarcas.

Em 1909, o presidente Nilo Peçanha assumiu um curto mandato que seria precedido por uma nova disputa presidencial. Os agricultores mineiros concederam apoio político ao militar Hermes da Fonseca. Em contrapartida, os paulistas se opuseram à volta de um militar ao poder tendo em vista as agitações políticas que marcaram os primeiros anos da República. Em pouco tempo o apoio à candidatura de Hermes da Fonseca ampliou-se com as alianças formadas com o próprio Nilo Peçanha e as oligarquias gaúchas.

Tentando reverter o triunfo dos “hermistas”, as oligarquias paulistas ofereceram candidatura ao intelectual Rui Barbosa. A figura política de Rui Barbosa alcançou apoio das oligarquias baianas, por esse ser o seu estado de origem, e dos eleitores urbanos, que apoiavam o trunfo político de um intelectual. Empreendendo a chamada Campanha Civilista, o candidato baiano realizou uma grande campanha eleitoral que atravessou diversas cidades brasileiras. No entanto, a predominância de um país ainda agrário garantiu a vitória de Hermes da Fonseca.

Retribuindo o apoio político dado pelos mineiros, Hermes da Fonseca manteve uma política econômica voltada para a valorização do café. No campo político, empreendeu a chamada Política das Salvações. Essa política consistia na substituição dos grupos políticos estaduais que oferecessem risco às oligarquias que tradicionalmente se instituíram no poder republicano. As chamadas “salvações” foram realizadas, principalmente, porque a intensa disputa política daquele pleito indicava o grande poder político de outras oligarquias estaduais.

A substituição dos governos foi cumprida nos estados da Bahia, Alagoas e Pernambuco. Em contrapartida, a imposição de Hermes da Fonseca sofreu oposição no Rio Grande do Sul, Paraíba e Piauí. No Ceará, a oposição entre os políticos leais às oligarquias mineiras e paulistas empreendeu uma grande revolta que ficou conhecida como a Revolução Cearense de 1914. Esses episódios que mostravam que os mecanismos de controle político das oligarquias não foram alvo de contendas.

O imobilismo causado pela política dos governadores, que poderia manter um mesmo grupo indefinidamente no poder, incitava a insurreição de outros grupos oligárquicos interessados em obter vantagens por meio do controle dos órgãos políticos locais. A manutenção do poder federal nas mãos de mineiros e paulistas, por exemplo, foi intensamente atacada pelas oligarquias do Rio Grande do Sul. Por isso, no governo de Hermes da Fonseca, podemos notar os primeiros abalos políticos da coalizão das oligarquias do país.

Mesmo não tendo causado o fim do regime oligárquico, demonstravam a remodelação da situação política e econômica do Brasil. O crescimento dos centros urbanos, a industrialização e a rearticulação política dos militares enfraqueceram o poder monopolizado pelos grandes proprietários.

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Por Rainer Sousa
Mestre em História

Publicado por Rainer Gonçalves Sousa

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