Whatsapp icon Whatsapp

A reforma de Amenófis IV

Relevo onde Amenófis IV e sua família são iluminados pelos raios do deus Aton.
Relevo onde Amenófis IV e sua família são iluminados pelos raios do deus Aton.

No antigo Egito, a concepção das divindades e práticas religiosas tinha grande vinculação com os fenômenos naturais e o mundo animal como um todo. Com isso, se espelhando nas várias manifestações do meio que os cercava, os egípcios criaram uma ampla diversidade de divindades e rituais ao longo de sua existência. Geralmente, cada deus assumia uma determinada forma física e exercia algum tipo de poder ou tarefa que afetava diretamente a vida de seus adoradores.

Apesar dos indivíduos comuns terem a oportunidade de realizar seus rituais e oferendas, a atividade religiosa também era organizada a partir de uma classe específica de pessoas que, em certa medida, intermediavam a relação entre os homens e os seres espirituais. Estes eram os sacerdotes, ocupantes do topo da organização social no Egito e administradores de todos os recursos utilizados com o fim de manter uma boa relação com os deuses.

Dada a grande importância dos sacerdotes entre os egípcios, a sua função era somente repassada de maneira hereditária. De fato, o elevado prestígio dos sacerdotes acabou ampliando seu leque de atividades para fora do campo espiritual. Com o passar do tempo, enriqueceram em razão do acúmulo de bens provenientes dos sacrifícios e, além disso, começaram a ter grande poder de influência em outras questões de ordem econômica, social e política.

Ao longo do tempo, a ampliação dos atributos sacerdotais ameaçava a figura do próprio Faraó. Na verdade, em certos momentos do Novo Império (1580 – 1085 a.C.), alguns sacerdotes chegaram a ocupar o topo da hierarquia política do Antigo Egito. Essa disputa de poder culminou por volta do século XIV a.C., período em que o faraó Amenófis IV realizou uma reforma religiosa que tinha como justificativa maior a limitação dos poderes da classe sacerdotal egípcia.

Para que isso fosse possível, Amenófis oficializou o culto monoteísta no Egito. A única divindade a ser adorada seria o deus Aton, comumente simbolizado pela figura do círculo solar. Visando legitimar sua ação, Amenófis IV também mudou seu nome para Akhenaton (“aquele que adora a Aton”) e realizou a construção da cidade de Akhetaton (“horizonte do disco solar”), então transformada em capital de todo o Império Egípcio.

Insatisfeitos com aquela situação, os sacerdotes dos antigos deuses fizeram grande oposição à reforma do faraó Akhenaton. Alguns relatos da época contam que vários templos haviam sido completamente deixados ao acaso. Somente após a morte de Akhenaton, o culto monoteísta foi sendo paulatinamente substituído pelas antigas práticas politeístas que organizavam a vida religiosa do Egito. Apesar do insucesso, os hinos criados em homenagem a Aton foram preservados ao longo dos séculos.

O faraó Tutankhamon, filho de Amenófis IV, assumiu a tarefa de restabelecer o culto dos antigos deuses através da reconstrução de vários santuários e a encomenda de novas estátuas em homenagem aos deuses. Além disso, teve a preocupação de recrutar uma nova leva de sacerdotes e artistas que deveriam reforçar o antigo vínculo espiritual perdido com esses deuses.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Publicado por Rainer Gonçalves Sousa
video icon
Escrito"Sociedade do consumo" sobre uma imagem de várias pessoas reunidas com várias sacolas de compras como representação da Sociedade do consumo.
Sociologia
Sociedade do consumo
Uma sociedade formada principalmente por consumidores pode ter consequências profundas na forma de viver da humanidade. Veja esse e outros aspectos da sociedade do consumo.