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Revolução Chinesa

A Revolução Chinesa aconteceu em 1949, quando os comunistas sob a liderança de Mao Tsé-tung proclamaram a República Popular da China e iniciaram as mudanças revolucionárias.
Mao Tsé-tung, líder da luta dos comunistas durante a Revolução Chinesa.
Mao Tsé-tung foi o líder da luta dos comunistas pelo poder travada contra os nacionalistas de Chiang Kai-shek. [1]

A Revolução Chinesa foi o processo revolucionário responsável pela ascensão do Partido Comunista Chinês ao poder da China em 1949. Com isso, a China deu início às transformações da implantação de um governo comunista. A ascensão do comunismo na China fez parte de um longo processo de transformações que aconteceram naquele país ao longo da primeira metade do século XX.

Antecedentes históricos da Revolução Chinesa

O processo revolucionário que foi responsável por levar os comunistas ao poder na China só foi possível após um longo período de agitações e transformações políticas que ocorreram durante toda a primeira metade do século XX. Essas transformações iniciaram-se a partir de 1911, quando a dinastia Manchu (ou Dinastia Qing) foi destituída do poder.

A derrubada da monarquia chinesa foi resultado do crescimento do nacionalismo chinês, que defendia a implantação de uma república e de transformações que garantissem a retirada das potências imperialistas do território chinês. A revolução que destituiu a monarquia na China ficou conhecida como Revolução de 1911 ou Revolução Xinhai.

Após a Revolução de 1911, foi constituído um governo provisório sob a liderança de Sun Yat-sen, chefe do Partido Nacionalista (também conhecido como Kuomintang). Esse governo provisório, no entanto, teve duração curta e fim em 1912. A partir daí, iniciou-se um período de quinze anos de grande instabilidade política na China.

A instabilidade do período entre 1912 e 1927 ficou evidenciada por uma tentativa de implantação de um regime ditatorial e por uma tentativa de restauração monárquica. Além disso, organizaram-se por diversas partes do país movimentos separatistas, que ameaçavam a integridade territorial da China. Além disso, a continuidade do domínio estrangeiro permanecia um incômodo para as lideranças nacionalistas chinesas.

Em meio a esse processo, os ideais comunistas começaram a ganhar força na China, inspirados pelo sucesso que os comunistas obtiveram na Rússia em 1917. O resultado disso na China foi o crescimento do movimento operário e a mobilização dos trabalhadores a partir de 1919. Isso resultou na fundação do Partido Comunista Chinês.

O Partido Comunista Chinês foi fundado em julho de 1921 e contava, a princípio, com 57 membros, que tinham o objetivo de mobilizar o operariado chinês. Entre esses membros, estava Mao Tsé-tung, um nome que foi fundamental no sucesso dos comunistas nos anos seguintes da história chinesa.

Guerra civil e invasão japonesa

Após a fundação do Partido Comunista, as relações iniciais entre os comunistas e o Kuomintang foram mediadas principalmente pela União Soviética, que passou a fornecer aos nacionalistas chineses recursos importantes para o país. Isso aproximou nacionalistas e comunistas, e o Kuomintang permitiu o ingresso dos comunistas no partido desde que submetidos ao comando nacionalista.

Esse período entre 1924 e 1927 ficou caracterizado como o período da luta dos nacionalistas contra os senhores separatistas que dominavam a região sul da China. Nesse período, também ocorreu o fortalecimento do movimento comunista entre os camponeses. Isso causou uma série de manifestações, que iniciaram um período de repressão ao comunismo na China.

Essa perseguição ao comunismo foi colocada em prática por Chiang Kai-shek, líder do Partido Nacionalista desde 1925, ano em que Sun Yat-sen faleceu. A guerra civil entre comunistas e nacionalistas estourou em agosto de 1927, pois a tensão entre as partes intensificou-se após comunistas terem sido massacrados pelos nacionalistas em Xangai e após o Levante de Nanchang.

A guerra civil travada entre comunistas e nacionalistas estendeu-se durante todo o período de 1927 a 1937 e sofreu uma interrupção por causa de um inimigo em comum que despontara: os japoneses. Os japoneses demonstravam ambições imperialistas no território chinês desde o final do século XIX. Na década de 1930, intensificaram suas ações contra os chineses.

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A presença japonesa na região consolidou-se a partir de 1931, ano em que os japoneses oficialmente invadiram a Manchúria. Apesar da ameaça representada pelos japoneses, Chiang Kai-shek resolveu priorizar o combate contra os comunistas, intensificando a perseguição. A perseguição aos comunistas chegou a tal ponto que eles foram obrigados a iniciar uma fuga das grandes cidades e deslocaram-se para o interior. Isso ficou conhecido como Longa Marcha.

A guerra civil entre os nacionalistas de Chiang Kai-shek e os comunistas de Mao Tsé-tung foi parcialmente interrompida entre 1936 e 1937 por causa do crescimento das ambições japoneses sobre a China. A invasão japonesa passou a representar um grande risco, inclusive para os nacionalistas.

A luta contra os japoneses foi deflagrada oficialmente a partir de 1937, quando o Japão declarou guerra contra a China. Conhecido como Segunda Guerra Sino-Japonesa, esse conflito estendeu-se até 1945 e ficou marcado por inúmeras atrocidades cometidas pelos japoneses. Atribui-se a esse conflito a morte de 20 milhões de chineses.

Apesar disso, é fundamental considerar que, apesar da trégua existente entre nacionalistas e comunistas, durante o período entre 1937 e 1945, aconteceram sim combates entre grupos armados dos nacionalistas e dos comunistas. Isso aconteceu porque ambos os lados sabiam que, após a guerra contra os japoneses, o conflito interno retornaria de toda forma e, por isso, garantir o enfraquecimento do adversário era fundamental.

Guerra civil é retomada

Após a guerra contra os japoneses, os líderes de nacionalistas e comunistas, Chiang Kai-shek e Mao Tsé-tung, respectivamente, reuniram-se para debater a formação de um governo conjunto das duas forças. No entanto, não houve acordo, uma vez que Chiang exigiu de Mao a dissolução das forças comunistas como condição indispensável para a formação do novo governo.

Essa exigência de Chiang refletia a preocupação dos nacionalistas e também dos EUA com o crescimento das forças comunistas no interior do território chinês. Ao longo do conflito com os japoneses, os comunistas conseguiram reunir uma força com quase 1 milhão de soldados e mais outros 12 milhões de milicianos que poderiam ser utilizados na luta.

Além disso, os comunistas haviam dominado uma série de províncias no interior da China e implantado mudanças revolucionárias nessas regiões, o que permitiu que milhares de camponeses tivessem acesso à terra. Com o fracasso das negociações, os nacionalistas iniciaram um ataque contra as forças de Mao em julho de 1946.

No período entre 1946 e 1949, o ímpeto revolucionário no interior chinês aumentou, o que fortaleceu os comunistas. Durante esse período, os comunistas ampliaram as mudanças revolucionárias, o que permitiu que cerca de 100 milhões de chineses tivessem acesso à terra. Isso levou ao isolamento dos nacionalistas nas grandes cidades chinesas.

A guerra civil chinesa chegou ao fim quando as forças comunistas conseguiram entrar em Pequim em janeiro de 1949. Isso forçou Chiang Kai-shek, os nacionalistas e a alta burguesia chinesa a abandonar o país para a ilha de Formosa, que originou Taiwan, um país de reconhecimento internacional limitado até hoje.

A transformação da China em uma nação comunista ocorreu a partir de 1º de outubro de 1949, quando foi proclamada a República Popular da China. A partir desse momento, iniciou-se o processo de transformações para a implantação do comunismo nesse país sob a liderança de Mao Tsé-tung.

Créditos de imagem

[1] Hung Chung Chih e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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