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Arte Hindu

A Arte Hindu deve ser entendida mediante o processo de compreensão religiosa do mundo por parte da própria cultura indiana.
Na cultura hindu, arte e religião estão intimamente associadas
Na cultura hindu, arte e religião estão intimamente associadas

As manifestações religiosas e artísticas acompanham o ser humano desde os seus primórdios. Elas são, inclusive, indicativos da própria ascensão do Homem (Homo sapiens sapiens) enquanto ser biológico que diverge dos outros animais por desenvolver sistemas simbólicos. Pois bem, em todas as culturas, arte e religião andam de “mãos dadas”. Mas em algumas culturas, em especial, essa ligação íntima permaneceu, através dos séculos, praticamente inabalável. É o caso da arte hindu, ou arte indiana.

A arte hindu (restringindo-nos apenas às artes visuais, plásticas) tem a sua manifestação vista principalmente na arquitetura, iconografia (pintura) e escultura. Os temas da arte hindu estão relacionados com a interação entre os seres existentes e o Universo como um todo. Então, a variação dos ícones representados diz respeito tanto à cosmogonia indiana, isto é, ao modo como a cultura hindu compreende a origem do Universo, quanto à cosmologia, isto é, ao modo como os indianos encaram a harmonia entre o mundo criado, os deuses, os animais e os homens.

A arte hindu sempre leva em conta um certa realidade da união dos mundos material e espiritual. Segundo essa tradição, aos seres humanos é concedida a faculdade do darshan, algo próximo à contemplação estética. O “poder de ver” a ação dos deuses nas imagens representadas torna os homens partícipes da própria ação divina. Além disso, cada ícone dos deuses são símbolos que os apresentam diretamente. De forma geral, a divindade, para os indianos, é conhecida como Ishvar, e a principal tríade de deuses é: Vishnu, Shiva e Bhrama. Foi dessa tríade que nasceram as principais representações artísticas, como a célebre escultura de Krishna dançando no círculo de fogo, ou sentado, na posição de lótus (como pode ser observado na imagem de abertura deste texto).

Nos primeiros séculos do desenvolvimento hindu, os volumes arquitetônicos e esculturais eram cavados em rochas e nesse lugar instituíam uma área sagrada. Por volta do período da Idade Média, os hindus passaram a escolher locais específicos para a construção dos templos. A arte iconográfica passou a ser desenvolvida com extrema acuidade ainda na Idade Antiga, no chamado período védico (período das narrativas do Vedas), e desenvolveu-se ao longo das Idades Médias e Modernas.

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A arte hindu, entre a Antiguidade e o período medieval, tornou-se complexa justamente por conta da complexificação da sociedade indiana, como pondera o historiador Heather Elgood:

Do século IV ao século XII, a escultura em templos e a iconografia exerceram um papel fundamental na devoção ortodoxa hindu. A arte hindu tem uma estética que envolve a comunicação do bhava (humor), da beleza e do rasa (gosto), e as imagens sacras hindus têm uma linguagem que inclui formas humanas, símbolos e uma tendência à multiplicidade. As paredes externas das construções, como o Templo Kandariya Mahaveda, iniciado pelo rei chandela Vidyadhara (reinou de 1017 a 1029), são cobertas com entalhes exuberantes e às vezes eróticas representações de divindades e suas companheiras.” [1]

Elgood destaca ainda o papel central que desempenhavam os sacerdotes nesse processo:

Sacerdotes hindus, por meio de complexos rituais de consagração e devoção diária, mantém a presença espiritual no templo e nas imagens. Além de criar obras de arte destinadas aos templos, os artistas hindus produziam uma incrível variedade de objetos, como rosários de contas, kolams, ou diagramas, e artefatos para relicários em vilarejos ou à beira da estrada.” [2]

A arte hindu ainda é objeto de reverência e veneração na Índia. Sua compreensão está inextricavelmente ligada à centralidade que a religião tem na cultura hindu.

NOTAS

[1] ELGOOD, Healther. “Arte Hindu”. In: FARTHING, Stephen (org.). Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 82-83.

[2] Idem. p. 83.

Publicado por Cláudio Fernandes

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