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Primeira Cruzada

A Primeira Cruzada, convocada pelo papa Urbano II em 1095, deu início a uma série de expedições militares realizadas pelos cristãos contra os muçulmanos até o século XIII.
Vitral de uma igreja, localizada na Bélgica, retrata cruzados durante a Primeira Cruzada*
Vitral de uma igreja, localizada na Bélgica, retrata cruzados durante a Primeira Cruzada*

A Primeira Cruzada foi organizada a partir da convocação do papa Urbano II em 1095 e iniciou a série de expedições militares dos países cristãos da Europa Ocidental. Essas expedições tinham como objetivo central fazer a defesa dos locais considerados sagrados da Palestina, contra os muçulmanos, taxados como infiéis. A Primeira Cruzada, conhecida como Cruzada dos Nobres, realizou a conquista de Jerusalém.

Convocação da Primeira Cruzada

A convocação da Primeira Cruzada inaugurou a série de expedições militares dos europeus cristãos contra os muçulmanos que dominavam posições no Oriente, ao longo de quase dois séculos. A Primeira Cruzada foi convocada pelo papa Urbano II em 1095, durante o Concílio de Clermont que ocorreu na França.

Durante o discurso que oficializou a convocação da Cruzada, o papa Urbano II intimou os cristãos para fazer a defesa dos locais sagrados existentes no Oriente, como o Santo Sepulcro, localizado em Jerusalém. Esse discurso do papa prometeu riquezas a todos os que aceitassem a jornada e, além disso, dava o perdão de todos os pecados e a garantia de salvação. O historiador Steven Runciman dá outros detalhes do discurso de Urbano II:

Ao que parece, ele iniciou o discurso contando para os ouvintes sobre a necessidade de correr em auxílio dos irmãos do Oriente. A cristandade oriental lançara um apelo por ajuda, pois os turcos estavam avançando pelo coração das terras cristãs. Todavia, não foi só da Romênia (Bizâncio) que ele falou. Salientou a santidade especial de Jerusalém e descreveu o sofrimento dos peregrinos que para lá viajavam. Tendo pintando o sombrio quadro, fez seu grande apelo. Que a cristandade ocidental partisse em resgaste do Oriente. […] Aqueles que morressem em batalha teriam a absolvição e a remissão dos pecados. A vida, aqui, era infausta e má […]. Aqui, eram pobres e infelizes; lá seriam alegres e prósperos, e verdadeiros amigos de Deus. Não podia haver mais atraso. Que todos se aprontassem para partir na chegada do verão, tendo Deus como guia|1|.

O discurso de Urbano II foi realizado com grande fervor e foi recebido com grande comoção pela comunidade cristã da Europa. Após essa fala, as pessoas que a estavam assistindo começaram a gritar “Deus vult”, que significa “Deus o quer”, o que ressaltava que a convocação era “vontade de Deus”.

Esse episódio deu início a um grande fervor entre a população e resultou em movimentos espontâneos que caminharam em direção a Jerusalém, antes mesmo de a Cruzada começar oficialmente. Em 1096, Pedro, o Eremita, liderou a Cruzada dos Mendigos, um movimento popular em que pessoas espontaneamente marcharam para Jerusalém.

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A convocação da Cruzada, realizada por Urbano II, havia acontecido após um pedido de ajuda do imperador bizantino Aleixo I, que estava lutando – e sendo derrotado – contra os turcos seljúcidas. Urbano II também convocou as Cruzadas pelos seguintes motivos:

  1. Canalizar a violência da nobreza europeia para fora da Europa e contra um inimigo em comum. Essa violência era consequência da disputa por terras entre os nobres.
  2. Reunificar as igrejas ocidental e oriental, oficialmente rompidas desde o Grande Cisma de 1054. Naturalmente, essa reunificação deveria acontecer sob a autoridade da Igreja de Roma.

Primeira Cruzada

A convocação da Primeira Cruzada, conforme dito, teve uma recepção extremamente positiva e mobilizou milhares de pessoas. Por volta de 35 mil pessoas fizeram parte da Primeira Cruzada, das quais, muitas pertenciam à nobreza europeia. Essa grande adesão da nobreza, inclusive, fez com que essa cruzada também ficasse conhecida como a Cruzada dos Nobres.

A Primeira Cruzada também ficou marcada pela quantidade de êxitos que foram obtidos pelos cristãos. Os exércitos cruzados saíram da Europa, em meados de 1096, em direção a Constantinopla. Nessa cidade, reuniram-se os cristãos vindos da Europa, mais as tropas bizantinas, e iniciaram as ações contra os turcos ao atacar Niceia, capital do reino desse povo.

Além disso, era importante, para efetuar a conquista Jerusalém, que a região da Ásia Menor fosse retomada dos turcos para facilitar o contato com Constantinopla. Durante a sequência dos acontecimentos, os cruzados conquistaram locais importantes como Niceia, em 1097, e a cidade de Antioquia no ano seguinte, em 1098.

A grande conquista da Primeira Cruzada, no entanto, foi a cidade de Jerusalém em 1099. Mais de 10 mil soldados cruzadas cercaram essa cidade e realizaram o ataque contra os dominadores conhecidos como fatímidas. Essa ofensiva levou à conquista de Jerusalém em julho de 1099, em um ataque extremamente violento conduzido pelos cristãos. Os relatos contam que um grande massacre aconteceu contra a população nas ruas dessa cidade.

Após a conquista de Jerusalém e de outros locais no Oriente, os europeus fundaram uma série de reinos, que existiram até aproximadamente o século XIII. No caso de Jerusalém, o reino instalado foi chamado de Reino Latino de Jerusalém. Essa cidade manteve-se sob posse dos cristãos até 1187, quando foi reconquistada pelos muçulmanos liderados por Saladino.

|1| RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas – Volume 1: a primeira cruzada e a fundação do reino de Jerusalém. Rio de Janeiro: Imago, 2002, p. 104.

*Créditos da imagem: Jorisvo e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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